quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Quem morreu? Alguém...

                                                  QUEM MORREU? ALGUÉM


Hoje morreu alguém!

Para muitos não era ninguém...

Mas para outros talvez fosse.

Alguém que muitos estimavam

Outros talvez não

Mas morreu alguém! Não duvido!

Quem? Não sei...

Um sem eira nem beira? Homem? Mulher?

Provavelmente alguém

Espancado numa qualquer rixa. 

Alcoolizado num qualquer beco de rua...

Vítima da ira de um outro alguém 

Também ele vítima desmedida 

De uma sociedade indiferente,

fechada nos seus próprios egos.

Mas hoje alguém partiu...

Disso não duvido e tenho a certeza!

Seria um sem abrigo?

Abandonado na sua própria miséria

Daqueles a quem de soslaio

dizemos em surdina "pobre diabo! "

Enrolado na sua própria solidão

Demência desumana dos que sofrem

Dos que caem no esquecimento.

Mas sim! Foi alguém! Quem?

Não sei...

Se calhar uma mulher!

Angustiada nos seus medos

Maltratada! Violentada!

Apenas porque era mulher

Não uma qualquer

Alguém que de uma vida 

Recheada de desilusões

Esventrada nos sentimentos

Infernizada e humilhada

Não teve forças e soçobrou

Por um qualquer ciúme doentio e cruel.

Mas sim! Hoje morreu alguém...

Talvez fosse um idoso

Internado e triste

Mergulhado na solidão atroz

Num misto de abandono frio e calculado

Calado na sua dor e esquecido...

Poderia bem ser uma criança. Porque não?

Abandonada, maltratada

Uma qualquer Maddie

Ultrajada, violentada, assassinada…

Ou simplesmente descurada no seu infortúnio

De alguém que se esqueceu dela.

Tenho a certeza! Partiu alguém...

Quem? Não sei…

Provavelmente polícia, professor, malfeitor

Sem honras de telejornal

Quando muito um cantinho do jornal

Dizendo em letras bem miudinhas

"Hoje foi a sepultar..."

Que morbidamente gostamos de espreitar.

Mas morreu alguém!

Alguém a quem não foi prestada

a devida homenagem em vida

E o direito de viver com dignidade!

Hoje morreu alguém. 

E ninguém deu por isso...


Daniel Braga 

2020





Sem comentários:

Enviar um comentário

Corro

CORRO Corro... Corro desenfreado Medo? Desejo? Fuga? Não! Amores desatinados Sentimento ousado Anseios perpetuados De uma loucura vã Corr...