segunda-feira, 29 de março de 2021

"Poesia, que queres tu?"_Murmúrios

 

Com o Tema: Poesia, que queres tu?
Dia Mundial da Poesia_21 de março 2021

MURMÚRIOS

Suaves palavras balbuciadas
Das que magoam e gritam
As que não entendo e murmuram
Ou poesia cantada?
Não! Apenas palavras representadas
No ardor de um caos instalado
Fruto desse amor ardente e apaixonado
Mas que dói, que sofre
Que sai das entranhas
Palavras atropeladas
Num desejo amaldiçoado
Embrulhado em meias-verdades
Murmuradas em aflitos sons
Em sombreados tons
De um colorido destoado
Que em força perguntam
Questionam e sussurram
Soltam -se brados de paixão
Com a certeza da razão
“Poesia que queres tu?”
Saem em catadupa as palavras
Revestidas de uma emoção
Que se entranha e se move
Dando a voz à Poesia
Num frenético rodopio
Palavras pronunciadas
Com amor e devoção

Daniel Braga
21 março 2021




O silêncio das coisas tristes

 O SILÊNCIO DAS COISAS TRISTES


Todos os dias a mesma rotina quando me levanto nestes tempos estranhos em que um ser invisível, cínico e mortífero, nos mói a paciência e o juízo e nos revira a vida. Abro a janela de par a par e absorvo os mais diversos perfumes com que a Natureza nos presenteia. O chilrear e o cantar dos passarinhos nos seus variados timbres e o cheiro inebriante e diverso das árvores no início de uma nova estação que brota com toda a sua energia são momentos que marcam e nos fazem sonhar. Relaxo e fecho os olhos durante uns instantes, saboreando aquele momento único. De repente acordo daquela letargia fugaz, saborosamente incomodativa. Estremeço e fico alerta. Falta qualquer coisa! Há algo que não bate certo! Faltam-me sons que reconheço todas as manhãs. O ruído intenso dos motores dos automóveis e o autêntico vaivém de pessoas que absortas nos seus pensamentos andam como autómatas nas suas rotinas quotidianas. Observo com muita atenção tudo à minha volta. A azáfama de uma cidade em movimento, neste microcosmos do local onde vivo, transformou-se num silêncio incomodativo, forçado e falso. Um silêncio de duas faces, de uma claridade sonora de uma Natureza que dá azo a todo o seu esplendor e de uma escuridão causada por uma solidão que dói, uma ausência triste de todo um pulsar frenético de uma cidade que parou, movida pelo medo, pela precaução e pela inevitabilidade da impotência perante um inimigo poderoso e invisível que amedronta e que mata. A alegria da Natureza mesclada no silêncio da não vida humana ou da vida compartimentada por receios e angústias, misturam-se neste sentimento dual de felicidade e de tristeza profunda por tudo o que se transformou e mudou. A vida, essa, continuará inexoravelmente o seu caminho
Daniel Braga


sábado, 13 de março de 2021

Os cânticos do rouxinol

OS CÂNTICOS DO ROUXINOL


Quebradas na noite fria de luar

Ouve-se o sibilar constante do vento

Vozes ecoam anunciando sem cessar

Que o vento que sopra no tempo

É o tempo de sentir o cantar do rouxinol

E no musicado do seu canto, o pensamento

De uma memória que marca a saudade

No silêncio dessa saudade o sentimento

De uma partida com palavras de sonho e felicidade

Chaminés emanam fumos brancos de fraternidade

E na plenitude das manhãs frias e de sol

Os cânticos belos e doces do rouxinol

Calam amores silenciados pela paixão

Mas pela noite a luz das velas e a razão

No silêncio do remexer dos corpos a emoção...


(homenagem ao poeta Ruy Belo)


Daniel Braga

(imagem da net)










sexta-feira, 12 de março de 2021

Chiado Books - Antologia - II volume - " LIBERDADE"

O meu poema "Tempo de Libertação", escrito em tempos e já publicado em vários

sites de poesia e no meu blogue, integrará o II volume da Antologia "Liberdade" da

"Chiado Books".

TEMPO DE LIBERTAÇÃO

 

 Num tempo sem tempo

Em tempo de dor e solidão

O tempo é remédio são

Quando o tempo é contratempo

 

Para que o tempo seja construção

E não apenas lembrança furacão

Das memórias de um velho tempo

Levado nas brumas da alienação

 

Eram tempos onde vigorava a opressão

Vozes muitas silenciadas na razão

Tempos tristes esses de maldição

Onde reinava a mordaça e a perseguição

 

Mas muitos outros juraram dizer não

À paz podre que reinava na Nação

E de madrugada chegou a revolução

No tempo certo da nossa libertação

 

Abril de cravos na espingarda

Uma data que o Povo recordou

A vinte e cinco a Pátria libertada

Da ditadura que a amordaçou

 

Pela madrugada dentro cantou-se

A Grândola Vila Morena

Em vez de armas, de cravos armou-se

A revolução em Liberdade plena


Estamos livres, gritavam a contento

Em uníssono e a uma só voz

Palavras gritadas ao vento

Era o povo, éramos todos nós



Daniel Braga

março 2021



 

quinta-feira, 11 de março de 2021

Encantos

 ENCANTOS



Por detrás de cada sonho
Uma auréola de liberdade
Em cada sorriso tristonho
Mil sorrisos de imensa bondade
As pombas trouxeram a Paz
Entrelaçados corpos perdidos de amores
Para gestos de gente capaz
Celebrações em fogos de artifício multicolores
O fim de uma era densa e mordaz
No ar, a alegria e cânticos de louvores
Rostos belos desabrochados
Encantaram ruas e ruelas
Doces e radiantes donzelas
Misturavam-se nos aglomerados
Aleluia , aleluia!Chegou a liberdade!
Em uníssono o povo gritava
Uma flor vermelha brilhava
Era um cravo que acenava
Anunciando a esperada novidade
E a multidão. por fim, chorava
Com tamanha intensidade
Era alegria, dor, encanto e eterna felicidade...


Daniel Braga
março de 2021


sexta-feira, 5 de março de 2021

E tudo era possível - Ruy Belo

 E Tudo Era Possível

Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer

Ruy Belo, poeta


Corro

CORRO Corro... Corro desenfreado Medo? Desejo? Fuga? Não! Amores desatinados Sentimento ousado Anseios perpetuados De uma loucura vã Corr...