segunda-feira, 23 de novembro de 2020

A cidade

 A CIDADE

Quando caminho paro. E permaneço hirto num sentimento reflexivo e interiorizado do que vejo. Perspetivando novos olhares, novas fisionomias, novos focos distintos de atenção. Vejo alegrias, desilusões, medos e preocupações em rostos marcados por uma vida que se pressupõe nem sempre fácil. Mas também consigo descortinar rostos que desafiam, que procuram novas formas de olhar em frente, olhares de determinação, de ousadia e de confronto. Confronto por tudo o que é feio, inútil e desnecessário. Ousadia pelo que é belo, harmonioso e colorido. Uma espécie de David contra Golias, em que , mais uma vez, David vence Golias, onde a harmonia e o esteticamente belo se sobrepõem ao que é feio, mau e profundamente inútil. O bem e o mal numa luta desigual e sem tréguas. Onde o bem nem sempre leva a melhor, mas aqui, na ilusão da minha história, os vencedores não são os maus. Não quero que o sejam!
Continuo a caminhar. Calcorreando ruas em silêncio, vendo e admirando a beleza da cidade. Em becos, ruelas e esquinas, cheirando os diversos odores que exalam de janelas, portas e chaminés. Ouvindo vozes barafustando, palavrões audazes e gritarias tamanhas. É a cidade a bulir, direi. Não só. É efervescência própria de uma cidade que acorda cedo e dorme tarde. Uma cidade que se move no imenso colorido das suas identidades, dos seus rostos ofegantes, preocupados e curiosos. Uma cidade camaleão que se transforma do dia para a noite. Num colorido diferente mas igualmente bonito e maravilhosamente estético e harmonioso. Chego ao fim do meu caminho. Paro e medito. Respiro fundo. Sinto-me extraordinariamente relaxado e calmo.
Foi uma jornada encantadora.
A cidade sorriu-me e eu acenei-lhe grato e reconfortado.

Daniel Braga

(imagem da net)



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