AS SORTES D'EL REI SEM CORTE NEM REINO
Era uma vez El Rei. Não um El Rei qualquer, daqueles que fazem do luxo uma fonte de prazer nem de riqueza, fazendo inveja aos demais. Não daqueles que bastas vezes nos falam os livros de História, que nos contam as suas megalomanias, as suas crueldades, as suas fantasias orgiásticas e faraónicas de opressão belicista e uso do poder absoluto e tirânico. Nada disso. Este é um rei sem trono, sem súbdito, nem reino. Um rei afastado das opulências e luxos da vida mundana. Um rei que fala e ordena para um palco sem público. Que faz do seu não reino algo de belo e justo e que faz da oratória, plateias vivas de entusiasmo, que vibram esse mesmo público ausente. Portanto, um rei especial. Sem pretensiosismos balofos de um poder que não possui, nem a força de um reino que não existe. Mas este El Rei, sem corte nem reino, tem muito mais para oferecer e mostrar. O sentido da justiça, da igualdade, da solidariedade e da fraternidade são virtudes que lhe são únicas. É um rei despido de preconceitos, solidário com o mundo e com o seu povo, que não tem. É, digamos, um rei imaginário, daqueles que sem corte, nem povo, nem reino, exerce o seu não poder de maneira quase anónima e despretensiosa, cuidando dos fracos, dos desfavorecidos e dos menos aventurados. Um El Rei que, mesmo sem povo nem reino constrói e faz dos palcos da vida, momentos de beleza rara de comunhão pelo bem comum, sem nunca esquecer os que mais sofrem e precisam. Um El Rei que não deseja que o mundo sofra e padeça dos males que os homens lhe impõem. Um El Rei que implora que salvem o planeta de todas as atrocidades que são levadas a cabo pela malvadez e incúria humana. E onde vive esse El Rei, sem corte, sem público e sem reino? No imaginário de cada um de nós e de todos aqueles que gostam que o Mundo seja um planeta com melhores práticas, maior justiça social, mais solidário e, acima de tudo, com melhores pessoas.
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